vejo, analiso e cancelo

Não sei como é para você, mas não deixo o bicho crescer se tenho dúvidas do que surgirá.
Sou assim profissionalmente e também na vida particular. Não tenho medo, não tenho tato, rompo o vínculo e, às vezes, isso me corrói.

Minha rapidez é ìmpar, meus acertos se sobrepôem aos erros, mas os erros às vezes são desastrosos. A culpa me acompanha sem saber se o corte seria necessário, da maneira que foi feito.

Tudo vai bem profissionalmente, pois minha primeira impressão é a que vale, por isso vai aqui um conselho, quando se canditar para qualquer colocação vista-se do melhor de seu, se prepare para estar e entregar o que tem realmente de bom. Afinal vai encontrar pessoas, que como eu, vão pôr você à prova no primeiro encontro, e não terá outra chance.

Porém, ai porém…cortei uma amizade que estimava muito, mas que foi se tornando tóxica, invasiva, e que ao invés de conversar, cancelei. Cancelei como se faz agora nas redes sociais, duramente, não falo mais, não quero mais. Anos 90, sem rede social, o rompimento foi brutal.

Infelizmente , como não voltei atrás, e ela não está mais por aqui, não posso remediar , não posso me retratar , não posso mais falar sobre…E por isso, é momento de refletir, de perdoar, não quero mais essas sombras na minha vida. A análise precisa ser maior, em certos casos, mais íntima. É preciso dar chance ao outro até para mudar seu comportamento, se for o caso ou poder se colocar.

Segue minha retratação, meu arrependimento, que espero que receba, mesmo não estando mais por aqui, em algum lugar vai chegar até você.

Querida Sil,
Sempre mantive minha família longe de riscos, riscos mesmo de entradas fora de contexto, presenças e interferências muito arriscadas. O preconceito? A intuição sempre muito aguçada e ouvida? Sabe aquela frase, a ocasião faz o ladrão??? Pois é. Foi nela que me inspirei no nosso rompimento.Triste inspiração.

Não sou ciumenta, mas o que é para ser preservado, preservo e não ponho em risco.

Vou tentar me explicar, me redimir, assim como quando senti que deveria me afastar e proteger o que de digno ainda restava em nós, nessa amizade.
Suas visitas intermitentes, muitas vezes sem mesmo a minha presença, me acenderam uma luz negra. Nossa última viagem, a intimidade das conversas em família, foram o fim. Sei que não me expliquei, apenas não atendi mais seus telefonemas, não conclui nossa história, eu precisava me preservar. Não queria chegar a uma situação mais difícil para nós duas. Espero que entenda, sei que tentou contato várias vezes, que usou de amigos em comum, que passou muito tempo sem entender, e eu fui muito firme, como sou nessas situações. Nunca saberemos se foi necessária essa quebra ou se poderíamos ter preservado a amizade com uma conversa, mas não me senti capaz. Me perdoe se eu machuquei você muito, mas foi o que pude fazer na época sem a maturidade de hoje. Luz, muita luz para você. Hoje lembrei de nós e achei que merecíamos de alguma forma voltar a falar.


Daisy Gouveia

Daisy Gouveia

Daisy Gouveia é escritora, influenciadora, host do podcast "Leiture-se". Usa as redes sociais para incentivar a leitura e dá dicas frequentes de como adquirir e manter o hábito.

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